Desde quando nossos filhos são bem pequenos, muitas vezes ainda lidando com o impacto e o luto do diagnóstico, ouvimos de outros pais, profissionais e terapeutas que a adolescência é uma fase em que tudo pode piorar.
As mudanças hormonais, a transição da infância para a vida adulta e os desafios comportamentais são frequentemente retratados como inevitavelmente difíceis.
No entanto, embora os hormônios e as mudanças biológicas sejam uma parte importante dessa equação, eles estão longe de ser o todo.
Nossos filhos estão crescendo, e esse crescimento exige de nós uma nova forma de enxergar, agir e nos relacionar.
A adolescência pode, sim, ser uma fase de transformação positiva — desde que saibamos reconhecer nosso papel enquanto adultos no ambiente que construímos ao redor deles.

A importância da autorregulação parental: medo x ambiente
Com muita frequência, é o medo que determina nossas atitudes.
Medo de perder o controle, medo de falhar, medo do futuro.
E quando agimos motivados por medo, nossa tendência é endurecer.
Tornamo-nos mais autoritários, menos flexíveis e, sem querer, imputamos aos nossos filhos as consequências desproporcionais de um comportamento que talvez não compreendamos totalmente.
Mas comportamentos acontecem por uma razão.
E nós, adultos, somos parte fundamental desse contexto.
O ambiente é determinante. E se temos algo que podemos controlar, é exatamente o ambiente que oferecemos — e o nosso próprio comportamento.
Confiança, autoridade e vínculo: o que estamos realmente perdendo?
Ao tentar manter a autoridade com base em rigidez e punição, corremos o risco de perder algo muito mais valioso: a confiança.
Quando nossos filhos têm medo de nos decepcionar ou de serem punidos, eles não se sentem seguros para buscar ajuda.
E o que perdemos, no fim, é o vínculo.
O único comportamento que podemos controlar é o nosso
Não temos como controlar diretamente o comportamento dos nossos filhos, nem dos professores, terapeutas ou colegas.
Mas temos total responsabilidade sobre como reagimos e sobre o tipo de ambiente emocional que cultivamos.
Modelando pela calma: regulação emocional como estratégia de intervenção
Quando conseguimos controlar nossa expressão emocional — tom de voz, expressão facial, postura corporal — estamos ensinando sem palavras.
Emprestamos nossa calma para nossos filhos e modelamos uma forma mais segura de lidar com situações desafiadoras.
Assertividade e responsividade: o caminho da parentalidade consciente
Não é preciso esperar a adolescência para mudar nossa forma de exercer a parentalidade.
Mas se ela já chegou, que seja um convite à sabedoria:
Mais responsividade e menos reatividade.
Mais escuta e menos imposição.
Mais presença e menos julgamento.




